Publicado em 14/04/2013, às 11h29
João Carvalho
Até onde
podem ir a esperança e a fé de uma mãe, em busca de justiça e da
sobrevivência de um filho? O questionamento é quase recorrente para quem
conhece a história de Breno Pimentel da Silveira Filho, 31 anos. Dele e
da mãe, a comerciante Ângela Silveira. Em setembro de 2001, no dia do
aniversário dela, Breno voltava para casa de uma festa com amigos, quando bateu o carro em um poste, no Centro do Recife.
Um
atendimento médico errado numa clínica, dias depois, provocou uma parada
cardiorrespiratória e uma vida vegetativa para Breno, de acordo com a
família. Até hoje esperam o pagamento de uma indenização, determinada
pela Justiça.
Desde
2001 a família luta para dar um conforto maior a Breno. Apesar de
receber tratamento exemplar, tudo poderia ser melhorado se eles tivessem
recebido o que foi decretado: a indenização de R$ 100 mil, além de dez
salários mínimos mensais, para o resto da vida dele. A desculpa é que a
clínica foi vendida e os antigos sócios não têm mais responsabilidade
sobre o assunto.
"Tomamos
um susto. O processo passou por todas as fases até chegar ao Supremo
Tribunal Federal, em Brasília", disse Ângela Silveira. Ela e o marido, o
também comerciante Breno Silveira, acumulam um misto de raiva, decepção
e tristeza sempre que falam sobre o caso.
Como o
assunto é recorrente na casa onde moram e cuidam do filho, no bairro de
Boa Viagem, Zona Sul do Recife, o sentimento de impunidade é constante
para eles.
"A gente
lutou tanto, está tudo provado no processo. Meu filho não recebeu o
atendimento adequado quando deu entrada na Clínica Ortopédica de
Acidentados, no Espinheiro", lembrou Ângela. "A Justiça deu ganho de
causa mas não respeitaram, não cumpriram a ordem dos juízes. Não sabemos
mais para quem apelar", disse Ângela. "Mas, do mesmo jeito que nunca
perdemos a esperança da vitória de Breno sobre a morte, sabemos que um dia receberemos o que devem para ele."
A clínica
citada pela família não existe mais. Uma empresa de São Paulo, a
Prosintese, comprou cinco anos depois do acidente. Em seguida entrou em
falência. O prédio foi comprado por outra empresa.
EMPRESAS -
Um dos 19 sócios da Clínica Ortopédia de Acidentados, o médico
Alexandre Arraes informou que quando vendida, a Prosintese assumiu
também os processos. "Vendemos por R$ 1 milhão a menos do que ela
valia", citou o médico. "Justamente por conta de processos."
Outro
sócio, que preferiu não ter o nome divulgado, disse que o caso foi
contra a empresa. "A responsabilidade, agora, é dos novos donos",
observou.
Através
de uma nota da assessoria de marketing, a Prosintese disse que estava
surpresa com a história e nunca soube de nada sobre o assunto.
Postado por JORNAL DO COMÉRCIO DE PERNAMBUCO
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